Para esta canção, optou-se por fazer uma sugestão de trabalho tripartida, com uma proposta para pré-escolar ou 1º Ciclo, uma para 1º/2º Ciclos, e outra para 2º/3º Ciclos. O resultado poderá culminar com uma apresentação. A apresentação constaria de:
performance musical (cantar a canção),
apresentação de canções criadas pelos alunos inspiradas em obras de arte, e
mostra de material artístico em formato de exposição.
Para estas faixas etárias a sugestão faz-se no sentido de aprender a canção, possibilitando também a realização de mímica, sendo esta aprendizagem feita por imitação.
Com a melodia e os gestos interiorizados, poderá fazer-se um jogo de substituição de palavras por gestos, jogo este que consiste na substituição progressiva de um conjunto de palavras (“Faço riscos”, “Faço bolas”, “depois pinto”, “de todas as cores”, etc.) por gestos. Isto é, começa-se por cantar toda a canção (sem gestos); da 2ª vez que se canta substitui-se “Faço riscos” por gestos (em silêncio), cantando-se a restante canção; progressivamente vão-se substituindo as palavras por gestos, até que no fim a criança não canta (canta apenas interiormente), fazendo os gestos correspondentes.
Este exercício é interessante pois para além de ser divertido, estimula as capacidades de audição interior, a memória musical e coordenação psico-motora.
Neste exercício pretende-se que a criança relacione o ritmo da canção com o traço, sendo capaz de sentir e exprimir o compasso ternário bem como as alterações no andamento através do desenho. Para isso, deverá ser colocado à disposição material para desenhar e uma folha de papel.
Partindo do princípio que só se poderão utilizar círculos e triângulos no desenho, e sempre numa única linha contínua (o lápis não se deve levantar da folha desde o início da canção e até esta acabar), a criança deverá relacionar o traço do desenho com o ritmo da canção. O facto de se trabalhar apenas com triângulos (3 lados) ou círculos tem a ver com a canção estar em compasso ternário.
Por exemplo, uma criança poderá escolher trabalhar com lápis de cor e utilizar como forma o triângulo. Assim que começa a canção a criança deverá iniciar o seu traço - que deverá ser contínuo até ao final da canção - sendo que a velocidade com que progride o traço deverá ir ao encontro das alterações no andamento, que se vai tornando mais rápido ao longo da canção.
Exemplo prático (ver imagens em formato grande aqui):
Nas primeiras imagens podem observar-se dois resultados visuais possíveis, e os pormenores permitem perceber como o ritmo da canção (expressa aqui através do texto) se deve relacionar com o desenho. Aí pode também visualizar-se a bold onde deve estar a acentuação do texto.
Nestes exemplos tem-se apenas uma linha, que corresponde ao facto da melodia ter sido tocada uma vez. No entanto, este exercício poderá será realizado mais do que uma vez, e com cores ou formas (triângulos e círculos) diferentes, consoante a dimensão da folha e o preenchimento que se pretender obter.
Uma grande influência na pintura de Kandinsky terá sido a música do compositor Arnold Schönberg, com quem manteve correspondência entre 1911 e 1914, e que revela como a arte pode ser vista como uma manifestação física da música, ideia que será o ponto de partida para o próximo exercício.
Transportar a música para a pintura, e vice-versa:
Neste exercício pretende-se que partindo de uma obra musical a exprima graficamente.
Indo ao encontro da temática trabalhada na canção “Faço riscos”, o aluno pode ser desafiado a criar também uma pintura abstrata utilizando “riscos” e “bolas”, bem como trabalhar a cor.
Será interessante que o aluno consiga exprimir graficamente alguns conceitos utilizados em música como o andamento (formas que revelam rapidez ou lentidão), dinâmica (forte ou piano), staccato e legato, etc. Poderá ser um ponto de partida para este exercício a audição de uma obra de Schönberg.
O exercício poderá depois ser feito ao contrário, procurando que o aluno parta de uma obra gráfica e procure exprimi-la sonora/musicalmente. Para isso poderá utilizar como recursos a sua voz, instrumentos musicais, objetos sonoros, etc.
Será uma hipótese utilizar uma pintura de Kandinsky para este exercício.
O confronto com a opinião de colegas acerca daquilo que sentiram (sonoramente) ao olhar para a pintura, ou a expressão gráfica resultante de ouvir determinada peça musical pode enriquecer muito este exercício, transportando-o para outros caminhos que se poderiam vir a explorar.
Ao professor cabe a tarefa de mediar a discussão, e ser capaz de aproveitar ideias que se revelem interessantes e/ou que possam ser um ponto de partida para estabelecer a ponte entre outros conteúdos programáticos do currículo.
No final é importante que as pinturas realizadas e as peças musicais criadas sejam apresentadas em público, procurando colocá-las junto da obra “inspiradora”.
Encontro entre a música de Schoenberg e a pintura de Kandinsky.
Faço riscos, faço bolas
Depois pinto de todas as cores.
Na minha folha de papel
Riscos e bolas agora são flores.