Tum tum piscatum e Cai, cai balão são duas canções muito divulgadas no Brasil apresentando-se geralmente em combinação. Podem ser cantadas sequencialmente ou de forma sobreposta, ouvindo-se em simultâneo as duas melodias e os dois textos. Neste caso, assumem uma forma musical denominada quodlibet.
Tum tum piscatum contém uma série de palavras sem significado aparente, com uma sonoridade forte, aberta e algo percussiva, jogando com a repetição das ‘palavras’.
Cai, cai, balão contrapõe com um texto muito simples mas coerente. No entanto, também aqui é explorado o efeito sonoro das palavras, impondo-se em cada verso a sonoridade ‘-ão’.
Ensinar e aprender estas canções pode ser feito de diversas maneiras e com estratégias diversificadas que poderá sempre relembrar aqui.
Para as canções Tum tum piscatum e Cai, cai balão propomos as seguintes atividades e abordagens.
Texto e ritmo
- Declamar o texto de cada uma das canções com diferentes entoações expressivas. Experimentar com e sem um ritmo definido.
- Dizer os dois textos sobrepondo-os, sem ritmo e com ritmo , que pode ser o mesmo da melodia.
- Descobrir e depois cantar com o acompanhamento áudio só as palavras ou motivos rítmicos e melódicos que se repetem usando os mesmos ritmos, notas e texto: ‘piscatum’ (4 vezes) , ‘cai, cai balão’ (2 vezes) e ‘não cai não’ (3 vezes). Fazer o mesmo com outras palavras à escolha.
Melodia e harmonia
- Com dois grupos de vozes, experimentar começar a cantar as canções em simultâneo, entoando apenas as duas primeiras notas de cada canção, para escutar o intervalo harmónico consonante que se forma (4ª perfeita). Este efeito poderá ser prolongado se se optar por ficar com estas segundas notas ‘presas’, sustentando-as o tempo que dura a frase. Com ou sem acompanhamento áudio.
Tocar
- O registo mais agudo da melodia de Tum tum piscatum contrasta com o mais grave de Cai, cai balão. Experienciar este contraste tocando com instrumentos de percussão de sonoridade contrastante (ex: agudo/ grave) o ritmo melódico das duas canções. Separadamente ou em simultâneo, como no arranjo. Com ou sem áudio a acompanhar.
Improvisar
- Compilar e escolher uma série de palavras (com ou sem uma temática comum, reais ou inventadas) e usá-las como material para desenvolver uma improvisação baseada num ritmo definido. Pode usar-se a percussão do arranjo da canção como base e acompanhamento da improvisação. Começar por estruturar a improvisação em frases curtas e de igual duração. Entoar as palavras de maneira expressiva, criando contrastes que podem enriquecer o resultado final.
Criar
- Num quodlibet, são cantadas (ou tocadas) várias canções ou melodias pré-existentes de forma sobreposta. Seguindo o exemplo das canções aqui apresentadas, e usando o áudio de acompanhamento, experimentar recriar a forma quodlibet com outras canções que ‘encaixem’ bem aqui. A título de exemplo, esta harmonia e estrutura formal funciona com canções tradicionais como ´Ó Rosa arredonda a saia’ e ‘Lá vai uma, lá vão duas’, entre outras.
Saber mais
- Os ritmos e sons do Brasil resultam de uma mistura única de influências europeias e africanas. Alguns estilos musicais evoluíram e assumiram características próprias, como é o caso do ritmo evocado no arranjo desta canção, o samba. Fazer uma pesquisa e ouvir alguns exemplos deste estilo e descobrir as diferenças e semelhanças entre este e outros estilos ou subgéneros relacionados com ele, como o samba-choro e a bossa-nova. (Uma sugestão aqui para começar).
- Ouvir e experimentar cantar outros quodlibet, como esta adaptação para espanhol de uma Fantasia brasileira.
- Pesquisar sobre o instrumento que se ouve na introdução do arranjo das canções, o berimbau, e ver este vídeo onde é explorada a sua relação com a capoeira.