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Fado

Vou dar de beber à dor (Casa da Mariquinhas)

"Vou dar de beber à dor" (também conhecido por "Casa da Mariquinhas") é um fado da autoria de Alberto Janes e foi celebrizado por Amália RodriguesFaz parte do disco com o mesmo nome, editado em 1969.

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Voz e acomp.
Acompanhamento
Melodia e acomp.
Pauta
Análise musical da canção

Características melódicas

 

Fado escrito em Ré maior com âmbito entre Fál#2 - Si3, a melodia é constituída por intervalos de 2ª (M e m), 3ª(M e m),  4ª e 5ª (P), 6ª(M) e 7ª (m).

Apesar de existir uma linha melódica associada, e mantendo-se a estrutura, cada intérprete pode adaptar e recriar a melodia.

A melodia resulta, em grande parte, da mistura da já referida linha melódica orientadora com o texto que se canta, ajustando-se os ritmos e notas à métrica das palavras e versos. 

 

Características rítmicas

 

A melodia está escrita no compasso 2/4, binário de tempos de divisão binária.

O ritmo é silábico e escrito predominantemente com semicolcheias e colcheias. Pelas variações expressivas da interpretação da fadista, na transcrição, alguns ritmos foram ajustados ao serviço de uma simplificação da leitura e compreensão da melodia. 

O andamento é Andante (Semínima= 98).  

 

Forma

 

Forma binária (AB).

A melodia é constituída por duas partes.

 

Arranjo/Instrumentação

 

O arranjo segue o plano formal seguinte: Introd. | AB | Interl.| A'B' | Interl.| A''B'' | Interl. | A'''B''' | Coda ||

Arranjo com abordagem tradicional ao estilo. A fadista é aqui acompanhada por um trio de instrumentistas que tocam guitarra portuguesa, guitarra clássica, referida no fado muitas vezes como viola de fado, e guitarra baixo em versão acústica. As funções de cada instrumento estão bem definidas e concentradas nos propósitos de ornamentar a linha melódica e dar suporte harmónico e rítmico ao intérprete. 

 

 

 

Direção musical - Gilberto Costa e João Tiago Oliveira

Fados interpretados por Yola Dinis - Voz; Pedro Viana - Guitarra portuguesa; João Tiago Oliveira - Guitarra; Frederico Gato - Baixo acústico.

Gravado, misturado e masterizado por Frederico Gato.
Transcrição e edição de partituras e vídeo por Carlos Gomes e Gilberto Costa.

Ficha da canção
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Pauta
Letra

Vou dar de beber à dor

(Casa da Mariquinhas)

 

Foi no domingo passado que passei 

À casa onde vivia a Mariquinhas

Mas está tudo tão mudado 

Que não vi em nenhum lado 

As tais janelas que tinham tabuinhas 

 

Do rés-do-chão ao telhado 

Não vi nada, nada, nada 

Que pudesse recordar-me a Mariquinhas

E há um vidro pregado e azulado

Onde havia as tabuinhas 

 

Entrei e onde era a sala agora está 

À secretária um sujeito que é lingrinhas

Mas não vi colchas com barra

Nem viola nem guitarra 

Nem espreitadelas furtivas das vizinhas

 

O tempo cravou a garra

Na alma daquela casa 

Onde às vezes petiscávamos sardinhas

Quando em noites de guitarra e de farra 

Estava alegre a Mariquinhas 

 

As janelas tão garridas que ficavam

Com cortinados de chita às pintinhas

Perderam de todo a graça 

Porque é hoje uma vidraça 

Com cercaduras de lata às voltinhas

 

E lá pra dentro quem passa

Hoje é pra ir ao penhor 

Entregar ao usurário umas coisinhas

Pois chega a esta desgraça toda a graça

Da casa da Mariquinhas 

 

Pra terem feito da casa o que fizeram

Melhor fora que a mandassem pras alminhas 

Pois ser casa de penhores 

O que foi viveiro de amores 

É ideia que não cabe cá nas minhas

 

Recordações do calor 

E das saudades do gosto que eu vou procurar esquecer

Numas ginjinhas 

Pois dar de beber à dor é o melhor 

Já dizia Mariquinhas

 

Pois dar beber à dor é o melhor

Já dizia a Mariquinhas 

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Amália Rodrigues, Casa da Mariquinhas
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