Fado escrito em Ré maior com âmbito entre Fál#2 - Si3, a melodia é constituída por intervalos de 2ª (M e m), 3ª(M e m), 4ª e 5ª (P), 6ª(M) e 7ª (m).
Apesar de existir uma linha melódica associada, e mantendo-se a estrutura, cada intérprete pode adaptar e recriar a melodia.
A melodia resulta, em grande parte, da mistura da já referida linha melódica orientadora com o texto que se canta, ajustando-se os ritmos e notas à métrica das palavras e versos.
A melodia está escrita no compasso 2/4, binário de tempos de divisão binária.
O ritmo é silábico e escrito predominantemente com semicolcheias e colcheias. Pelas variações expressivas da interpretação da fadista, na transcrição, alguns ritmos foram ajustados ao serviço de uma simplificação da leitura e compreensão da melodia.
O andamento é Andante (Semínima= 98).
Forma binária (AB).
A melodia é constituída por duas partes.
O arranjo segue o plano formal seguinte: Introd. | AB | Interl.| A'B' | Interl.| A''B'' | Interl. | A'''B''' | Coda ||
Arranjo com abordagem tradicional ao estilo. A fadista é aqui acompanhada por um trio de instrumentistas que tocam guitarra portuguesa, guitarra clássica, referida no fado muitas vezes como viola de fado, e guitarra baixo em versão acústica. As funções de cada instrumento estão bem definidas e concentradas nos propósitos de ornamentar a linha melódica e dar suporte harmónico e rítmico ao intérprete.
Direção musical - Gilberto Costa e João Tiago Oliveira
Fados interpretados por Yola Dinis - Voz; Pedro Viana - Guitarra portuguesa; João Tiago Oliveira - Guitarra; Frederico Gato - Baixo acústico.
Gravado, misturado e masterizado por Frederico Gato.
Transcrição e edição de partituras e vídeo por Carlos Gomes e Gilberto Costa.
Foi no domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pregado e azulado
Onde havia as tabuinhas
Entrei e onde era a sala agora está
À secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onde às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas
As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça
Porque é hoje uma vidraça
Com cercaduras de lata às voltinhas
E lá pra dentro quem passa
Hoje é pra ir ao penhor
Entregar ao usurário umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas
Pra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem pras alminhas
Pois ser casa de penhores
O que foi viveiro de amores
É ideia que não cabe cá nas minhas
Recordações do calor
E das saudades do gosto que eu vou procurar esquecer
Numas ginjinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia Mariquinhas
Pois dar beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas