Fado escrito em Sol Maior com âmbito melódico entre Sol2 - Si3.
Apesar de existir uma linha melódica associada, em cada novo fado o intérprete é livre de a adaptar criativamente. Sendo que, a repetição dos dois últimos versos de cada quadra se presta ao exercício de expressão mais individualizada e, por vezes, é representativa do virtuosismo criativo e interpretativo do fadista.
A melodia, resulta em grande parte da mistura da já referida linha melódica orientadora com o texto que se canta, ajustando-se os ritmos e notas com a métrica das palavras e versos. Neste caso, em particular, a letra do fado é composta por "quadras soltas", ou seja, o fadista selecionou texto de diversas fontes.
A melodia está escrita no compasso 4/4, quaternário de tempos de divisão binária.
O ritmo é silábico e, apesar de se escutar um padrão para cada frase, o ritmo varia consoante os versos e a interpretação dos fadistas. O andamento é moderado, sem variações.
A forma deste fado é: Introdução | Estrofe 1 | Estrofe 2 | Estrofe 3 | Estrofe 4 ||
Na introdução, é feita a apresentação do motivo de guitarra portuguesa que se desenvolverá durante todo o fado. Esta introdução, observando o fado no seu contexto amador e informal das tradicionais casas de fado, para além de caraterizar o fado que se vai cantar, serve também para definir um campo harmónico e melódico, comumente referido como "dar o tom", permitindo ao fadista enquandrar-se intuitivamente com a tonalidade da canção e aspectos rítmicos.
Apresenta-se aqui um arranjo com abordagem tradicional ao estilo. A fadista é acompanhada por um trio de instrumentistas que tocam guitarra portuguesa, guitarra clássica, referida no fado muitas vezes como viola de fado, e guitarra baixo na versão acústica. As funções de cada instrumento estão bem definidas e concentradas nos propósitos de ornamentar a linha melódica e dar suporte harmónico e rítmico ao intérprete.
Caracteriza-se por uma estrutura harmónica simples de dois acordes (I V7) e um motivo de guitarra portuguesa que se desenvolve ao longo do tema. Este modelo é frequentemente utilizado como base para novos fados, recriações ou reinterpretações.
Direção musical - Gilberto Costa e João Tiago Oliveira
Fados interpretados por Yola Dinis - Voz; Pedro Viana - Guitarra portuguesa; João Tiago Oliveira - Guitarra; Frederico Gato - Baixo acústico.
Gravado, misturado e masterizado por Frederico Gato.
Edição de partituras e vídeo por Carlos Gomes e Gilberto Costa.
É tão bom ser pequenino,
Ter pai, ter mãe, ter avós,
Ter a esperança no destino
E ter quem goste de nós.
Gosto de ti, porque gosto,
Gosto de ti, porque sim.
Gosto de ti porque aposto
Que também gostas de mim.
Toma lá colchetes de oiro,
Aperta o teu coletinho.
Coração que é de nós dois,
Deve andar aconchegadinho.
Por muito que se disser,
O fado é canção bairrista.
Não é fadista quem quer,
Mas sim quem nasceu fadista.