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Autor

Coculi

Canção escrita e composta para o Cantar Mais por Helena Caspurro. A letra evoca Coculi que, não tendo significado, vale pelo seu desenho sonoro e fonético, fazendo-nos brincar com jogos de acentuações e terminações: cocúli, culi, culá... Para a autora, faz imaginar alegria uma vez que não é possível cantar tal palavra sem que se esboce um sorriso de orelha a orelha. Por estas razões, Coculi representa o canto do coração, que merece ser celebrado e partilhado todos os dias, anunciando dia bom e boas-vindas.
Existe uma aldeia na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, que se chama Coculi – Kuklí no alfabeto autóctone – onde a autora se inspirou.

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Voz e acomp.
Acompanhamento
Melodia e acomp.
Pauta
Análise musical da canção

 

Características melódicas e harmónicas

 

A melodia está escrita na tonalidade de Fá Maior e tem um âmbito de 7amenor [Dó 3 – Si b 3], desenhando-se sobre as escalas maiores pentatónica, de blues e diatónica.

Tendo como base de acompanhamento o piano, os movimentos de tensão sugeridos pela melodia resultam de toda a configuração e progressão da harmonia. O ritmo harmónico, que sugere ora ‘tempo’ de balada (Estrofes, Interlúdio e Coda), ora de bossa nova (Refrão), também contribui para a configuração, textura, tensão, desenvolvimento e estilo da melodia.

 

Estrofes: 

Desenhos melódicos cantados a solo sobretudo na extensão de 3ª maior ascendente sobre a Tónica sugerem escala pentatónica, efeito que é contrariado pela blue note (Láb), estreitando aquela relação lembrando atmosfera de blues por um pequeno instante. 

Refrão:

Melodicamente, o jogo entre modo maior pentatónico ou de blues é aqui desenvolvido, tirando partido de outra blue note (Mib). Pequenos motivos dados pelo Wood Block em duas alturas diferenciadas, quase sugerem o som de grandes gotas dançando, enquanto o canto de um contra-tema improvisado pela voz solista se sobrepõe na sua última repetição. Em coro e em uníssono, o refrão faz o retorno do canto e da palavra mensageira entretanto suspensos e silenciados no interlúdio.

 

Secções instrumentais:

Interlúdios:acordes da Tónica e da Subdominante vão alternando no piano sobre Nota Pedal: primeiro sobre a Tónica, finalmente a Dominante. Sobre esta ‘cama’ ou ‘tapete’ harmónico, num desenvolvimento cíclico, arpejos são sugeridos em improviso pelo Ukulele, reforçando e completando a harmonia, em combinação com um padrão rítmico executado em ostinato pela voz, sugerindo congas, e ornamentado por uma ‘chuva’ que cai lenta pelo Pau de Chuva. Simbolizando uma atmosfera mágica, os interlúdios convidam a improvisação ou a criação/composição de outros arranjos com os mesmos ou diferentes instrumentos.

Introdução (ou Intro):começa com a mesma sequência harmónica do final de A, seguindo com o movimento harmónico e cíclico do piano sobre Nota Pedal da Tónica, que pode ser ad libitum até à 1ª estrofe. 

Coda: o piano insiste em desenhar um fecho acompanhado pelo Ukulele aludindo a própria Introdução, mas usando progressão harmónica I-vi-ii-V-I.

 

Características rítmicas 

 

O ritmo sendo predominantemente silábico, é cantado de forma a transmitir o grooveque o carácter do tema sugere. Tendo-se valorizado a transmissão oral, o ritmo escrito de Coculi é uma simplificação do cantado.

Todo o tema é em métrica binária, ainda que sob o ponto de vista agógico e expressivo (a relação entre arsise thesis), o seu ritmo melódico possa ser organizado em ciclos de dois ou quatro macrotempos (ou pulsações) com durações diferentes – tendo-se optado, para o descrever, respetivamente, também por razões de simplificação da leitura, pelos compassos 2/2 (Intro, Interlúdios e Estrofes) e 4/4 (Refrão).

 

Forma: melodia e arranjo instrumental

 

A melodia cantada, dividindo-se em duas partes, tem forma binária [AB], respetivamente para voz solo (aluno ou professor) e coro (alunos) com o seguinte plano: 

AB – A’B –A’’BB’

A, A’ e A’’ podem ser interpretados por um único ou três solistas diferentes.

O arranjo segue o seguinte desenho*:

Intro | A | Interlúdio | A’Interlúdio | B |A’’ | B’B’Coda ||

Outras possibilidades*:querendo integrar mais solistas com ‘suas’ letras, o plano do arranjo pode ser estendido, adicionando mais estrofes que se intercalarão com tantos interlúdios e refrões quanto o necessário, fechando igualmente com refrão final e Coda.

Interlúdios e improvisação*:improvisações melódicas usando por exemplo a escala pentatónica, diatónica e/ou rítmicas e percussivas podem ser realizadas sobre o acompanhamento harmónico dos interlúdios, de acordo com critérios planeados: em forma de solos instrumentais ou vocais;  de diálogos; com instrumentos disponíveis de sopro, corda, pele, madeira, metal, corpo, não-convencionais ...; com ou sem arranjo; etc.

 

Organização dos instrumentos segundo a forma

 

Intro(Pianol+Ukulele+Jogo Sinos) 

Interlúdios (piano+Voz percutida+Ukulele+Wood Block+Voz+Pau de Chuva+Guizeira)*

A(Voz solista+Piano,+Ukulele)

B(Piano+Coro+Voz solista; Wood Block)

Coda (Piano+Ukulele)

 

Características estilísticas

 

Sobretudo pelo tipo de progressão harmónica, de voicings, de escalas, de ritmo harmónico e até mesmo de instrumentos, sua combinação e arranjo, a canção tem um sabor quase jazzístico que se funde na atmosfera da balada usada em contextos da música dita ligeira ou pop e o balanço da bossa nova. O tipo de interpretação e arranjo, que inclui improvisação, bem como a escrita usada em pauta (por cifra e sintetizando ou abreviando ao máximo a notação), aproxima o tema às formas de standard de jazz. Assim, pelo fato de nestes contextos se valorizar, como se referiu atrás, a transmissão oral sobre a escrita, bem como a autenticidade dos executantes, a interpretação de Coculi, inclusive do texto, não deve seguir de forma estrita a notação, uma vez que esta não é suficiente para fazer sentir o balanço e o groove que o caracterizam.

 

Sobre o título e texto:
A letra evoca Coculi que, não tendo significado, vale pelo seu desenho sonoro e fonético, fazendo-nos brincar com jogos de acentuações e terminações: cocúli, culi, culá... Para a autora, faz imaginar alegria uma vez que não é possível cantar tal palavra sem que se esboce um sorriso de orelha a orelha. Por estas razões, Coculi representa o canto do coração, que merece ser celebrado e partilhado todos os dias, anunciando dia bom e boas-vindas.
Existe uma aldeia na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, que se chama Coculi – Kuklí no alfabeto autóctone – onde a autora se inspirou.

 

Características didáticas

 

Trata-se de uma canção de ritualcumprindo, em analogia com a comunicação mediática, a função de ‘genérico’ de um programa ou filme televisivos. Em termos didáticos, trata-se de uma estratégia que, sob o ponto de vista musical, emocional e afetivo, estabelece o momento de abertura da sessão, consolidando a relação identitária com a aula e disciplina de música. Por outro lado, parece poder reforçar laços interpessoais e de grupo, ao constituir-se como um ritual de saudação, boas vindas e partilha, que se repetirá no início de cada aula e durante o tempo escolar que o professor considerar conveniente. A ideia de diversificar os solistas ao longo de uma ou diferentes sessões (durante o ano), permite ao professor monitorizar, de um modo pouco formal e não explícito, aspetos da aprendizagem individual, tais como: afinação, postura, expressão, compreensão melódica, harmónica e rítmica, criatividade e improvisação, memória, etc. Porque não é explícito, este momento de avaliação é naturalmente vivenciado pelo aluno sem a sensação de constrangimento e pressão, mas, antes pelo contrário, com algum conforto, prazer e bem-estar – dimensões cruciais para a motivação onde a aprendizagem se nutre e sustenta. A ideia de integrar a realização e improvisação instrumental no momento interpretativo esteve na base da construção musical do tema, nomeadamente através dos interlúdios. Sob o ponto de vista educativo, acrescenta aos pressupostos mencionados outra mais valia: a possibilidade de estender e ampliar o processo de aprendizagem a uma diversidade de dimensões, potenciando, nessa convivencialidade total e no que respeita a transferência de conhecimentos e experiência, enriquecimento e alcance. Algo que em si mesmo, musical e pedagogicamente, parece simbolizar a aproximação do palco da escola à vivência estética e holística realizada no contexto da vida, da realidade e das práticas artísticas. 

 

Ficha Técnica

 

Composição da música e letra: Helena Caspurro

Interpretação: 

Voz solista: Joana Araújo

Coro: alunos do 4º ano de Iniciação Musical do Conservatório de Música de Braga ensaiados e dirigidos pela Joana Araújo

Piano: Helena Caspurro

Ukulele, Jogo de Sinos, Wood Block e Shaker: Brendan Hemsworth

Pau de Chuva e Guizeira: João Benjamim(12 anos) e Matilde Fonseca(11 anos) 

Arranjos: Brendan Hemsworth

Gravação, Mistura e Masterização: Brendan Hemsworth

Direção musical e artística: Helena Caspurro

Gravado em casa de Helena Caspurro e nos estúdios de gravação do Conservatório de Música de Braga gentilmente cedidos por esta instituição

 

Apoios:

Universidade de Aveiro

INET-md

CESEM

Conservatório de Música de Braga

Ficha da canção
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Pauta
Letra

Coculi

 

Todo o dia vem para a tarde

e a tarde também tem a noite

que é o dia que adormece...            

Digo olá a toda a gente

E o coração que sente diz:

cocúli-coculi!

 

Cocúli, culi-culi, cocúli-culi-colá

Cocu-culi, culi-colá...

 

Toda a tarde tem o dia, tem a noite, a manhã

Tem o sol que a melancolia entorpece 

Tem a chuva que é matreira ...ou não,                                

Tem o chão que a voz aquece

E diz...: cocúli-coculi!

 

Cocúli, culi-culi, cocúli-culi-colá

Cocu-culi, culi-colá...

 

Neste dia que faz tarde 

Para te cantar também 

que na noite se faz dia e acontece.                                      

Este som, esta magia, esta voz que o canto tece

E diz...: cocúli-coculi!!!

 

Cocúli, culi-culi, cocúli-culi-colá

Cocu-culi, culi-colá...

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