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Música antiga

Não tragais borzeguis pretos

Vilancete de autor anónimo renascentista, escrito para três vozes, compilado num dos mais volumosos cancioneiros poético-musicais portugueses (Cancioneiro de Paris). A melodia é construída sobre um célebre baixo ostinato, a Folia, que serviu de base a esta e a muitas outras peças musicais. O texto deste vilancete, que se refere à proibição de uso de um certo tipo de calçado (borzeguins), poderá estar relacionado com os códigos de vestuário regulamentados por legislação (Pragmática) durante o reinado de D. Sebastião (1554-1578).

 


 

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Voz e acomp.
Acompanhamento
Melodia e acomp.
Pauta
Análise musical da canção

 

Características melódicas

 

A melodia, considerando a harmonia que a suporta, pode dizer-se que está no modo menor, acabando com cadência picarda no final das frases das partes A.

Tem um âmbito de 5ª Perfeita [Ré 3 – Lá 3].

É constituída por intervalos melódicos de 2ª (m e M), 3ª (m e M) e 4ª P.

 

Características rítmicas

 

Na transcrição da melodia para a notação atual, optou-se por uma alternância regular dos compassos 2/4 (binário de tempos de divisão binária) e 3/8 (unitário com divisão ternária), com um compasso mais longo no final das frases, 4/4 (quaternário de tempos de divisão binária).

O ritmo é silábico e quase exclusivamente escrito em semínimas e colcheias, sem pausas a meio das frases. A interrupção deste fluxo rítmico dá-se pontualmente, com a semínima pontuada, e a mínima e pausas nos finais de frase. 

A primeira parte de cada frase começa em anacruse, contrastando com a segunda metade das frases que começa a tempo.

O andamento, tendo como referência a semínima, é rápido (Allegro).

 

Forma

 

Pode considerar-se que a canção tem uma só frase (A), que se repete com pequenas variações melódicas e rítmicas (AA’A).

A parte A é constituída por (abb’) e a parte A’ pode ser analisada como (ab''ab'').

A frase é cantada três vezes, já que a canção tem três estrofes, adaptando-se a linha rítmica à prosódia do texto.

 

Arranjo/Instrumentação

 

O arranjo segue o plano formal seguinte:

Introd. |A |A’ |A

As partes mais graves da partitura vocal original (a 3 vozes) são aqui substituídas por instrumentos, preservando o contexto harmónico.

A instrumentação evoca, de algum modo, a sonoridade de música antiga resultante do recurso a instrumentos de corda, percussão e sopro tradicionais europeus: Flauta de bisel medieval (melodia);  Harpa celta; Turkish Oud Lute; Percussão tradicional europeia (Tapan; Pandeiretas alemã, italiana e mediterrânica).

 

 

 

Ficha da canção
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Pauta
Letra

Não tragais borzeguis pretos

 

Não tragais, não tragais borzeguis pretos

Que na corte são defesos

Ora com borzeguis pretos

 

Não tragais, não tragais o que defeso

Porque quem trae o vedado

 

Anda sempre, anda sempre aventurado

A ser vexado e preso

 

Verem-vos, verem-vos andar aceso

Ora en cuydados secretos

Ora com borzeguis pretos

TAGS
Música Antiga, cor, vestuário, calçado, Renascimento, cancioneiro
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